quarta-feira, 30 de setembro de 2009

..Quero um pedacinho de tempo para poder descansar esse peso do mundo que estou sentindo em meus ombros ... Um tempo onde não me perguntem nada, nem me peçam nada, apenas me permitam o direito, de dar vazão ao pranto que venho engolindo com o amargo café-da-manhã de todos os dias , enquanto visto a máscara de "olhem como sou valente e forte" ... Quero ser a criança que pode chorar livremente sob o beneplácito da manhã até que me ponham no colo, restabelecendo assim, o equilíbrio que necessito para dormir em paz. Quero ser criança novamente e me esconder no vão da escada para que todos me procurem e se preocupem comigo, (ainda que ao me encontrarem, me ponham de castigo pela traquinagem) . Quero ser adolescente despertando para o primeiro amor ... Quero ser a pessoa que teme o amanhã, que se angustia com aquilo que não ousou... e se amedronta com o que há ainda por realizar ... Quero me aventurar na busca dos sonhos, sem ter que vê-los pintados com as cores do desânimo, ou coloridos com as cores do impossível... e quero poder brincar com meus sonhos como se fossem massinha de modelar ilusões ... lambuzar neles meus dedos, até decidir quando precisam se desfazer ... Quero ter companheirismo também nas horas em que tudo parece ter se perdido, e encontrar apenas um ombro onde possa repousar meu cansaço, um ombro que seja tão somente silencioso e impregnado de compreensão... Quero deixar que me invada toda a dor do mundo neste instante, porque ela é minha, é real e é unica, e que como tal seja aceita e compreendida ... mesmo que eu não a aceite e não saiba lidar com ela ... E quero poder dizer isso desse jeito: - ESTÁ DOENDO, SIM !... sem assustar ninguém, causando uma revolução tão grande que meu mundo pareça ainda mais desabitado . Daqui a pouco tudo vai parecer diferente e novo, eu sei. Vou secar os olhos e vou à luta outra vez e da dor hei de ressurgir mais forte ... Porque sou noventa e nove porcento formação de matéria que dificilmente se desintegra . Então, por favor ... Por um momento apenas ... neste meu pequeno momento mais que humano, Neste meu miserável um por cento de fragilidade, me deixem ser igual a todo mundo e simplesmente chorar ...
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"SAUDADES"

"SAUDADES"
Nem sempre as palavras que dizemos ou os gestos que praticamos representam aquilo que sentimos.